O conflito femoro-acetabular ou “impingement” da anca, resulta de um contacto anormal entre a cabeça do fémur e a cavidade acetabular ou entre o colo e o labrum.

Normalmente está associado a:

  • Existência de um sector não esférico na transição entre o colo e a cabeça do fémur. Pode condicionar uma compressão crónica da cartilagem periférica e originar lesões graves, mesmo em jovens. Esta morfologia está na origem do denominado conflito do tipo “Cam”, mais frequente no género masculino e normalmente sintomático na 2ª ou 3ª década de vida (Fig. 1 + vid)
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Fig.1: Nas ancas com alteração da esfericidade da cabeça femoral, existe um efeito de compressão marcado da cartilagem e da junção condro-labral que pode ser lesivo para a articulação.
  • Excesso de cobertura acetabular global. encontra-se nos casos em que existe uma coxa profunda (consulte a secção "Como diagnosticar o conflito femoro-acetabular?"), ou no caso de existir um acetábulo com retroversão. Nestes tipos de morfologia existe uma compressão anormal do labrum anterior ou mais raramente posterior, pelo colo do fémur, determinando a existência de um conflito femoro-acetabular tipo “pincer” (Fig. 2 + vid). Este tipo aparece mais no género feminino, normalmente na 4ª década de vida. Frequentemente existe uma combinação de todos estes padrões na mesma anca, sendo necessária uma abordagem individualizada no diagnóstico e na terapêutica.
     

Fig.2: No caso do efeito “pincer” ocorre uma compressão importante do labrum, que normalmente degenera e perde a sua função elasto-hidrodinâmica. Podem existir até fenómenos de subluxação articular, particularmente em situações de mobilidade extrema (dança clássica).


Embora esta patologia decorra de alterações morfológicas durante o crescimento da anca na idade infantil e juvenil, muitas vezes, o início dos sintomas só surge mais tarde a partir dos 20 anos de idade.

Os atletas envolvidos em modalidades desportivas que impliquem mobilidade importante da anca (artes marciais, futebol, ginástica rítmica, dança entre outras) estão em risco particular de desenvolverem sintomas de conflito femoro-acetabular. As queixas mais frequentes são de dor inguinal (virilha) e/ou trocantérica (região lateral da anca), que se manifesta, inicialmente, após a prática desportiva. Mais tarde pode evoluir para dor nas actividades consideradas de rotina. Normalmente, não existe um padrão de claudicação da marcha (coxear), excepto em deformidades acentuadas. Existe tipicamente uma diminuição da rotação interna em flexão. Embora não esteja absolutamente demonstrado que as ancas com conflito femoro acetabular evoluem sempre para artrose, parece existir um risco acrescido, particularmente relacionado com a mobilidade exagerada. Muitos casos de “pubalgia” no desportista podem ser confundidos com conflito femoro acetabular.

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